domingo, 23 de novembro de 2008

Quando os olhos caem....


Queridos, dividirei aqui com vocês nos próximos posts trechos de um livretinho que escrevi há quase 6 anos, algumas experiências que tive no início da minha caminhada cristã. Espero poder abençoar a sua vida:

Lendo pela primeira vez o apóstolo Paulo dizendo que sentia prazer nas fraquezas e se gloriava nas suas necessidades (2 Co 12:9), confesso que não consegui me conformar. Achei uma verdadeira loucura, mas como Deus diz que escolhe as coisas loucas para confundir os sábios (1 Co 1:27), eu tentava entender, só que com a mente. Também cheguei a pensar que Paulo estava pagando pelos pecados cometidos quando ainda perseguia os cristãos. Erro grosseiro, esquecendo-me da graça e de que Jesus perdoou nossos pecados e nos redimiu. Mas então, que prazer doido é esse? Masoquismo?Que coisa mais louca é essa? Lembrei-me do que meu pastor me disse uma vez, quando eu era recém-convertida. Ele me disse que o evangelho possuía espinhos. Que espinhos eram esses que na minha caminhada eu descobriria?

Desde que me converti, sempre fui completamente apaixonada por Jesus. Louvava-o com todas as minhas forças. É comum me ver pulando na presença do Pai, ou como a pecadora banhando os pés do Salvador com suas lágrimas de arrependimento (Lucas 7:36). Pouco me importo se alguém está me olhando ou se vou estragar a maquiagem num culto de domingo à noite, eu quero é me derreter e ser consumida pelo amor de Cristo. Não penso que todos devem manifestar seu amor a Deus desta forma, pelo contrário, acredito que há pessoas muito mais espirituais do que eu, que não demonstram em público o que sentem pelo Pai, mas no secreto têm bastante intimidade com nosso Senhor. O que quero dizer é que sou uma pessoa intensa e tudo na minha vida é intenso.

Quando comecei a buscar ao Senhor verdadeiramente, não as bênçãos, mas o galardoador dos que o buscam, alcancei nova dimensão espiritual. Cristo começava a se revelar para mim de uma forma diferente, mais íntimo, mas perto, mais amigo. Costumo dizer que quando entro no meu quarto sinto um quentinho. Esse quentinho é a presença de Deus. Quando entristeço o Espírito Santo, meu quarto fica gelado. A presença de Deus vai embora.

Chegar perto do Pai exige separação e santificação. Para tal, Jesus teria de mudar o meu interior, me curar, moldar-me ao seu propósito. Quando ouvia, lia e via grandes pregadores como Max Lucado, Jorge Linhares, Silas Malafaia e o evangelista D.L. Moody (o homem que ganhou mais de 500 mil almas e reunia a cada reunião no mínimo mil pessoas) falarem de seus desertos, de suas provações, achava bonito a forma como entregavam suas vidas ao Senhor, mas ainda assim ficava-me confuso entender o mistério.

Mas a intimidade com a Palavra e a sede que eu tinha (e tenho) de conhecer o coração do Senhor me fizeram sentir sensações estranhas: tristeza, inconformismo com minha natureza e um arrependimento que me fizeram contemplar a minha natureza humana, frágil, independente, soberba, segura e orgulhosa. O apóstolo Paulo afirma em 2 Coríntios 7:10 que “a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o que não traz pesar; mas a tristeza segundo o mundo opera a morte”.

“Ái de mim! Pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros e habito no meio dum povo de impuros lábios”.

As palavras do profeta Isaías registradas no capítulo 6 do livro que tem o seu nome me fizeram entender o que eu começava a passar. O evangelista do Antigo Testamento já era um homem de Deus, mas ao contemplar a santidade do Senhor viu-se pecador e imperfeito. E eu que fôra comprada pelo sangue de Cristo e que recebia no meu interior a promessa do derramamento do Espírito (Joel 2:28) e da troca do coração de pedra para um coração de carne, como me sentiria diante da presença real e da santidade e perfeição do Criador, que não atentou para sua glória, tornando se maldito para salvar uma pecadora?

E como se não bastasse o sacrifício, após escolher a pecadora, deseja morar dentro dela e ainda afirma preparar uma morada para ela na eternidade. É perfeição demais e maravilhoso demais para entender. Faço minhas aqui as palavras de Davi no versículo 6 do Salmo 139: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, elevado é, e não o posso alcançar”.

A necessidade de melhorar como ser humano constrangeu-me a buscar ser moldada como o barro nas mãos do oleiro. Depois que comecei a trabalhar na casa do Senhor, e dar frutos, ainda que pequenos e muitas vezes invisíveis, uma Palavra entrou no meu coração: “Toda vara que em mim não dá fruto, ele a corta, e toda vara que dá fruto, ela a limpa para que dê mais fruto (João 15:2)”. Jesus falou ao meu coração que tinha pressa em me usar e que ia me limpar para que cada vez eu pudesse ser mais frutífera. Quando entendi, não mentalmente, mas espiritualmente, me dispus a ser purificada e ser curada de tudo aquilo que me incomodava e me impedia de entrar com ousadia na presença de Deus e desfrutar da sua maravilhosa e inesquecível companhia todos os segundos da minha vida.

Não queria me derreter para Jesus somente quando havia uma ministração, queria mais. Quero todos os dias, todos os momentos, todos os minutos, ter o coração queimando, pois Jesus ao subir aos céus, depois da sua crucificação, prometeu estar comigo todos os dias da minha vida (Mateus 28:20). E eu vou buscar essa presença com esforço e sacrifício, se preciso...

Daí em diante começou uma sucessão de experiências com o Senhor, que aos poucos tem produzido em mim maturidade espiritual e amansado minha extrovertida e falante personalidade (muito falante!). Por diversas vezes me olhei no espelho e desejei ser uma nova pessoa. A constante luta entre alma e espírito me deixava agoniada muitas vezes. As palavras que saíam da minha boca quase sempre me comprometiam com o Senhor. Isso doía no meu interior.

Lembro-me constantemente de 2 versículos: “ Porque da multidão dos trabalhos vêm os sonhos, E DA MULTIDÃO DE PALAVRAS, A VOZ DO TOLO (Eclesiastes 5:3) e O que guarda a sua boca e a sua língua guarda das angústias a sua alma ( Provérbios 21:23)”.

Apesar de já ter descoberto e experimentado a misericórdia e o perdão do Senhor, eu não aceitava a minha natureza. Os costumes do mundo que tinham vindo comigo para a igreja. Tinha de deixá-los aos pés de Cristo. Mas como? De que forma conseguiria realmente mudar meu interior, meu caráter? Como Jacó, eu desejava mudar de nome, ser tocada e ser moldada.
Diversas vezes li na Palavra sobre correção, sobre provas, até aconselhei pessoas a respeito, mas minha vida continuava estável. Cheguei a pregar sobre provação numa reunião de mulheres. Mal sabia o que me esperava. Tinha defeitos na minha personalidade que queria (e ainda quero) que Jesus mudasse sem demora. Queria ser usada através das minhas intersseções e ajudar a aumentar o Reino de Deus. O Espírito Santo no meu coração dizia: “E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança, a experiência” Romanos 5:3-4

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